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O Povo Kalash



Imagem de uma jovem mulher Kalash




Envolto pelas majestosas montanhas do Hindu Kush (Hindū Kūsh ou Hindukush, persa: هندوکش, Hindu: हिन्दु कुश - "Assassina de Hindus"), no noroeste do Paquistão, vive um povo tão antigo quanto a história, um povo ariano, que mesmo cercado por vizinhos hostis (os islâmicos), mantém firme sua estirpe, sua língua e suas gloriosas tradições culturais e religiosas. 

Imagem de um dos vales do Hindu Kush onde, próximo, habita uma aldeia Kalash. Esta cordilheira fica entre o Afeganistão e o Paquistão Ocidental.


Contando atualmente com cerca do seis mil pessoas, o povo Kalash é detentor de um idioma indo-iraniano próprio, muito semelhante, como haveria de ser, naturalmente, ao sânscrito e sua cultura tem sido bastante comparada a dos gregos antigos, embora também se diga que elas sejam mais próximas da Indo-iraniana (védica e pré-zoroastriana).





Eles são praticantes de uma religião politeísta puramente Indo-européia:

-Jestak: é a Deusa da vida doméstica, da família e do casamento, afigurando-se por conseguinte como equivalente a latina Juno e a grega Hera.

-Dezaliké padroeira dos nascimentos, que nos panteões clássicos é também um dos atributos de JunoHera e Diana.

-Mahandeoé o Deus das colheitas, mas também da guerra, apresentando assim, um paralelo interessante com o latino Marte.

-Khodaitambém chamado Dezau, é o maior de todos, Deus soberano dos Céus, sendo assim não apenas funcional e hierárquico mas também etimologicamente equivalente ao latino Júpiter e ao grego Zeus: a avaliar pelo nome, Dezau é a versão Kalash do grande Deus do céu luminoso, ou seja, do arquétipo divino mas puramente Indo-europeu, raiz dos teônimos: Zeus, Júpiter, Dyaus (Hindu), Daipatures (ilírio) e Tiwaz (germânico).



As sua tradição mítico-religiosa compreende ainda algumas divindades menores, semi-deuses e espíritos, tal como sucede entre outras culturas indo-europeias, incluindo também figuras fantásticas tais como fadas de três seios e cavalos sobrenaturais.
Os Kalash acreditam que são oriundos de uma região á ocidente, a qual chamam Tsyam, que está ligada a Balomain, o heroico semi-deus reverenciado da festa de Chaumus



 Paralelamente, um certo mito grego conta que um dia o Deus Dionísio passou por essa terra, durante sua jornada ás Índias acompanhado pela sua Corte de Bacantes e Silenos, e aí fundou uma povoação que breve tornou-se conhecida pelos seus vizinhos e viajantes pelas suas festas e orgias. Conta-se também que pelas mesmas terras passaram as tropas de Alexandre, o Grande, daí que haja muitos gregos convencidos de seu parentes com esse povo; mas, os estudos linguísticos e científicos indicam que a nação Kalash está etnicamente mais ligada aos hindus e outros povos da região do que aos gregos, visto que sua língua pertence ao ramo indo-irânico, mas especificamente ao grupo dardo da família indo-europeia.





Historicamente, sabe-se que os muçulmanos sempre lhes chamaram Kafiri (infiéis), desde que as tropas de Mafoma chegaram a Tsyam na sequência da campanha islâmica de conquista iniciada no século VII. E, ao longo de mais de um milênio, estes "kafiris" mostraram-se indômitos, resistindo, no seu altivo bastão, as sucessivas vagas islâmicas, incluindo os turcos do sultão Mahmud, conquistador da Índias, incluindo também a cavalaria de dez mil homens liderada por Tamerlão, famoso descendente do mongol Gengis Khan. Todavia, alguns desses kafiris tiveram que abandonar sua terra, Tsyam (que se localizaria eventualmente no atual Afeganistão) e movendo-se para o norte, refugiando-se nos agrestes e montanhosos vales do noroeste paquistanês, o gélido e escarpado Hindu Kush, onde vivem agora.

Quanto aos kafiris que permaneceram no Afeganistão, foram brutalmente massacrados em 1896 pelo islâmico Amir Kabul Adbur Rahmanm, aparentemente com o apoio tácito da coroa britânica. Ele deu aos sobreviventes a escolha de se converterem ao islã ou morrerem. Até o nome Kafiristan (terra dos kafiris) foi alterado para Nuristan (Terra da Luz) invocando a "Nur" ("luz" em árabe) do Alcorão. No Paquistão, entretanto, mantem-se até hoje, o cerco islâmico aos Kalash. Daí que muitos destes tenham já se convertido ao islã, por vezes a força, quer da intimidação armada, quer do rapto de mulheres Kalash, conhecidas por sua beleza e alvura da pele.




Até meados do século XX, os Kalash eram prósperos, graças ao domínio britânico, mas com o domínio islâmico da zona paquistanesa (como se sabe, este país foi criado artificialmente para servir de pátria aos muçulmanos da antiga Grande Índia), a vida dos Kalash começou a piorar. Nos anos cinquenta houve várias conversões forçadas, a pretexto de uma alegada imoralidade Kalash e, atualmente, a grupos de muçulmanos que atacam regularmente quem pratica os rituais Kalash, chegando ao ponto de destruir seus ídolos. É verdade que o governo de Pervez Musharraf , de tendências laicistas, parece querer preservar as minorias, e recentemente até se criou um grupo cultural de apoio a cultura Kalash; todavia o cerco islâmico apertasse o as conversões sucedem-se a ponto de, atualmente, o povo estar dividido em dois grupos numericamente iguais (três mil pra cada lado), uns genuinamente Kalash, outro já convertido ao islã. A alta taxa de nascimentos tem compensado bem essa conquista islâmica, além de que a melhoria das condições sanitárias tem ajuda a que os indivíduos desse povo vivam mais tempo, além de que acontece frequentemente de haver conversos ao islã que, secretamente, retornam a sua religião "pagã" ancestral.

Meninas de etnia Kalash mas convertidas ao islã


Como se não bastasse a referida hostilidade dos povos vizinhos, a acelerada desflorestação posta em prática pela administração central implicou drásticas mudanças nos hábitos e tradições ancestrais de vida dos Kalash, tão próximos da natureza. A acrescentar a isso, o governo paquistanês viu nos Kalash uma atração para o turismo e, consequentemente, uma extraordinária fonte de receitas, o que veio a não só a desrespeitar os locais sagrados dos Kalash como também, acima de tudo, perigar a própria existência desse povo enquanto comunidade étnico-cultural específica. Não obstante os esforços preservacionistas de ações culturais gregas e de voluntários europeus que procuram estudar e auxiliar os Kalash  na defesa de sua singularidade.







Pequena criança Kalash
Com base no exemplo dos Kalash, ocorre um pensamento inevitável: será este o destino dos povos europeus e sua cultura? Estarão a médio e longo prazo, confinados a reservas (vulgo "centros turísticos") como atualmente se encontram os Kalash? A fatal marcha do povo Kalash a extinção serve de alerta, um aviso, mas ainda serve mais como um grito de revolta que a todos deve impelir a resistência face ao "Sistema de Morte aos Povos", esse sistema mundialista, uniformizado e por conseguinte..."etnocida". 

Imagens de Alguns Kalash:





Fonte original (em português):