Águia Völitiva
Aristóteles
Vida
Segundo a compilação bizantina Suda, Nicômaco era descendente de Nicômaco, filho de Macaão, filho de Esculápio. Aristóteles era natural de Estagira, na Trácia, sendo filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do rei macedônio Amintas III, pai de Filipe II. É provável que o interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra da atividade médica exercida pelo pai e pelo tio, e que remontava há dez gerações.
Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos outros jovens da época, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência dos jovens: a escola de Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia, com preferência à ciência (episteme) como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não conhecesse Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica e nela permaneceu vinte anos, até a morte de Platão, , no primeiro ano da 108a olimpíada (348 a.C.).
Em 347 com a morte de Platão, a direção da Academia passa a Espeusipo que começou a dar ao estudo acadêmico da filosofia um viés matemático que Aristóteles (segundo opinião geral, um não-matemático) considerou inadequado , assim Aristóteles deixa Atenas e se dirige, provavelmente, primeiro a Atarneu convidado pelo tirano Hérmias e em seguida a Assos, cidade que fora doada pelo tirano aos platônicos Erasto e Corisco, pelas boas leis que lhe haviam preparado e que obtiveram grande sucesso.
Durante 347 a.C e 345 a.C, dirige uma escola em Assos, junto com Xenócrates, Erasto e Corisco e depois em 345/344 a.C. conhece Teofrasto e com sua colaboração dirige uma escola em Mitilene, na ilha de Lesbos e lá se casa com Pítias, neta de Hérmias , com quem teve uma filha, também chamada Pítias e Nicômaco. Em 343/342 a.C Filipe II escolhe Aristóteles como educador de seu filho Alexandre, então com treze anos por intercessão de Hérmias.
Pouco se sabe sobre o período da vida de Aristóteles entre 341 a.C e 335 a.C, ainda que se questiona o período de tempo da tutela de Alexandre, alguns estimam em apenas dois ou três anos e outros em sete ou oito anos.
Em 335 a.C. Aristóteles funda sua própria escola em Atenas, em uma área de exercício público dedicado ao deus Apolo Lykeios, daí o nome Liceu. Os filiados da escola de Aristóteles mais tarde foram chamados de peripatéticos. Os membros do Liceu realizavam pesquisas em uma ampla gama de assuntos, os quais eram de interesse do próprio Aristóteles: botânica, biologia, lógica, música, matemática, astronomia, medicina, cosmologia, física, história da filosofia, metafísica, psicologia, ética, teologia, retórica, história política, do governo e da teoria política, retórica e as artes. Em todas essas áreas, o Liceu coletou manuscritos e assim, de acordo com alguns relatos antigos, se criou a primeira grande biblioteca da antiguidade.
Em 323 a.C, morre Alexandre e em Atenas começa uma forte reação antimacedônica, em 322 a.C. por causa de sua ligação com Alexandre, Aristóteles foge de Atenas e se dirige a Cálcides, onde sua mãe tinha uma casa, explicando, "Eu não vou permitir que os atenienses pequem duas vezes contra a filosofia" > uma referência dao julgamento de Sócrates em Atenas. Ele morreu em Cálcis, na ilha Eubéia de causas naturais naquele ano. Aristóteles nomeou como chefe executivo seu aluno Antípatro e deixou um testamento em que pediu para ser enterrado ao lado de sua esposa.
Campos de estudo
As afirmações científicas de Aristóteles são totalmente desmentidas nos dias de hoje e a principal razão disso é que nos séculos XVI e XVII os cientistas aplicaram métodos quantitativos ao estudo da natureza inanimada, assim a Física e a Química de Aristóteles são irremediavelmente inadequadas em comparação com o trabalhos dos novos cientistas. A filosofia de Aristóteles dominou verdadeiramente o pensamente europeu a partir do século XII e a revolução cientifica iniciou-se no século XVI, somente onde a filosofia aristotélica foi dominante sobreveio uma revolução científica.
Apesar do alcance abrangente que as obras de Aristóteles gozaram tradicionalmente, os acadêmicos modernos questionam a autenticidade de uma parte considerável do Corpus aristotelicum.
Lógica
A Lógica de Aristóteles, que ocupa seis de suas primeiras obras, constitui o exemplo mais sistemático de filosofia em dois mil anos de história. Sua premissa principal envolve uma teoria de caráter semântico desenvolvida por ele para servir de estrutura para a compreensão da veracidade de proposições. Foi por meio de sua lógica que se estabeleceu a primazia da lógica dedutiva. .
Aristóteles sistematizou a lógica, definindo as formas de interferência que eram válidas e as que não eram - em outras palabras, aquilo que realmente decorre de algo e aquilo que só aparentemente decorre; e deu nomes a todas essas diferentes formas de interferências. Por dois mil anos, estudar lógica, significou estudar a lógica de Aristóteles.
A lógica, como disciplina intelectual, foi criada no século IV a. C por Aristóteles. Sua teoria do silogismo constitui o cerne de sua lógica e através dela tenta caracterizar as formas de silogismo e determinar quais deles são válidas e quais não, o que conseguiu com bastante sucesso. Como primeiro passo no desenvolvimento da lógica, a teoria do silogismo foi extremamente importante.
Física
Aristóteles não reconhecia a ideia de inércia, ele imaginou que as leis que regiam os movimentos celestes eram muito diferentes daquelas que regiam os movimentos na superfície da Terra, além de ver o movimento vertical como natural, enquanto o movimento horizontal requeriria uma força de sustentação. Ainda sobre movimento e inércia, Aristóteles afirmou que o movimento é uma mudança de lugar e exige sempre uma causa, o repouso e o movimentos são dois fenômenos físicos totalmente distintos, o primeiro sendo irredutível a um caso particular do segundo. No livro II, Do Céu, ele afirma explicitamente que quando um objeto se desloca para seu estado natural o movimento não é causado por uma força, assim ele afirma que o movimento daquilo que está no processo de locomoção é circular, retilíneo ou uma combinação dos dois tipos.
Ótica
Na época de Aristóteles, a ótica matemática era ainda uma disciplina nova, contrariamente às outras matemáticas e especialmente à geometria, ele faz recorrentes referências à cor, à sua "unidade" e à sua constituição, nos mesmos contextos em que se fala de outros setores do real que pertencem a outras ciências matemáticas, e do que neles é unidade.
Aristóteles fez objeções à teoria de Empédocles e ao modelo de Platão que considerava que a visão era produzida por raios que se originavam no olho e que colidiam com os objetos então sendo visualizados. Ao refutar as teorias então conhecidas, ele formulou e fundamentou uma nova teoria, a teoria da transparência: a luz era essencialmente a qualidade acidental dos corpos transparentes, revelada pelo fogo.
Aristóteles sugeria que a ótica contempla uma teoria matemático-quantitativa da cor, que corresponde a uma teoria da medição da luz, assim ele afirma que a luz não era uma coisa material mas a qualidade que caracterizava a condição ou o estado de transparência: "Uma coisa se diz invisível porque não tem cor alguma, ou a tem somente em grau fraco"
Química
Sua obra Meteorologia, sintetiza suas ideias sobre matéria e química, usando as quatro qualidades da matéria e os quatro elementos, ele desenvolveu explicações lógicas para explicar várias de suas observações da natureza. Para Aristóteles a matéria seria formada, não a partir de um único, mas por quatro elementos: terra, água, ar e fogo, mas existiria sim um substrato único para toda a matéria, mas que seria impossível de isolar - serviria apenas como um suporte que transmite quatro qualidades primárias: quente, frio, seco e úmido. A fundação da Alquimia se baseou nos ensinamentos de Aristóteles, curiosamente ele afirmou que as rochas e minerais cresciam no interior da Terra, assim com os humanos, os mineirais tentavam alcançar um estado de perfeição através do processo de crescimento, a perfeição do mineral seria quando ele se torna-se ouro.Enquanto Platão, seu mestre, acreditava na existência de átomos dotados de formas geométricas diversas, Aristóteles negava a existência das partículas e considerava que o espaço estava cheio de continuum, um material divisível ao infinito.
Astronomia
Aristóteles concorda com seu mestre (Platão) em considerar a astronomia uma ciência matemática em sentido pleno, não menos do que a geometria, ele também concordava que os movimentos estudados pela astronomia, como diz a A República, não se percebem "com a vista".
O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema geocêntrico).
Biologia
Considerado o fundador das ciências como uma disciplina, Aristóteles deixou obras naturalistas como História dos Animais, As partes dos animais, A geração dos animais e opúsculos como Marcha dos animais, Movimentos dos animais e Pequeno tratado de história natural e muitas outras obras sobre anatomia e botânica que se perderam e tratavam sobre o estudo de cerca de 400 animais que buscou classificar, tendo dissecado e cerca de 50 deles. Também realizou observações anatômicas, embriológicas e etológicas detalhadas de animais terrestres e aquáticos (moluscos e peixes), fez observações sobre cetáceos e morcegos. Embora suas conclusões sejam muitas vezes equivocadas atualmente, sua obra não deixa de ser notável. Seus escritos de biologia e zoologia correspondem a mais de uma quinta parte de sua obra, nelas trabalha sobre a noção de animal, a reprodução, a fisiologia e a classificação.
Segundo alguns cientistas da atualidade, Aristóteles teria "descoberto" o DNA, por ele identificar a forma, isto é, o eidos preexistente no pai que é reproduzido na prole.
Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia, separou mamíferos aquáticos de peixes e sabia que tubarões e raias faziam parte de grupo que chamou de Selachē (Chondrichthyes).
- O papel da mulher
A análise sobre a procriação de Aristóteles descreve um elemento masculino ativo, animante trazendo vida a um elemento do sexo feminino inerte e passivo. Por este motivo, as feministas acusam Aristóteles de misoginia e sexismo. No entanto, Aristóteles deu igual peso para a felicidade das mulheres assim com dos homens e comentou em sua obra A Retórica que uma sociedade não pode ser feliz a menos que as mulheres também estejam felizes. Sobre as mulheres, ainda disse que eram totalmente incapazes de serem amigas, e ele com certeza não esperava que a esposa se relacionasse com o marido em nível de igualdade.
- O homossexualismo
Visto não contribuir para a fundação de famílias, Aristóteles tinha a homossexualidade em conta de desperdício, não apenas inútil, mas até perigoso. Porém, isso não significa que o a condenava sempre em toda parte, ele tomou em consideração as circunstancia em que era praticada, assim, em Creta, onde havia um problema de superpopulação, a relação entre o mesmo sexo era difundida, ele propôs que esse tipo de relação fosse regulamentada e tolerada pelo Estado, a fim de contornar a superpopulação, pois a ilha dispunha de poucos recursos. Em um fragmento sobre amor físico, embora referindo-se ao tema com indulgência, parece ter feito distinção entre a homossexualidade congênita anormal e o vício homossexual adquirido.
Metafísica
O termo Metafísica não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de "filosofia primeira", sendo por isso identificada com a teologia.
Não é fácil discutir a metafísica de Aristóteles, em parte porque está profusamente espalhada por toda a obra, e em parte por uma certa ausência de uma exposição bem detalhada.
A Metafísica de Aristóteles, é em essência, uma modificação da Teoria das ideias de Platão. Grande parte dessa obra parece uma tentativa de moderar as muitas extravagâncias de Platão. Seus dois principais aspectos são a distinção entre o "universal" e a mera "substância" ou "forma particular" e a distinção entre as três substâncias diferentes que formar a realidade cada uma com sua essência fundamental.
Psicologia
Na medida em que se ocupa das mais elaboradas entidades naturais, a psicologia foi considerada também o ápice da filosofia natural de Aristóteles. A palavra psychê (de que deriva nosso termo psicologia) costumar ser traduzida como "alma", e sobre a rubrica psyche Aristóteles de fato inclui as características dos animais superiores que pensadores posteriores tendem a a associar com a alma. Objeto geral da psicologia aristotélica é o mundo animado, isto é, vivente, que tem por princípio a alma e se distingue essencialmente do mundo inorgânico, pois, o ser vivo diversamente do ser inorgânico possui internamente o princípio da sua atividade, que é precisamente a alma, forma do corpo.
Muitas da hipóteses de Aristóteles sobre a natureza da lembrança e do esquecimentos deram origem a grande número de experimentos na área da aprendizagem. Sua doutrina da associação afirmava que a memória é facilitada quer pela semelhança e dessemelhança de um fato atual e um passado, quer por sua estreita relação no tempo e espaço.
Sua obra De Anima (Sobre a Alma) trata-se do primeiro objetivo em larga escala para estudar a psicologia. Muitas das questões que levanta continuam por responder até hoje, e ainda são objeto de exame. Aristóteles formulou teorias sobre desejos, apetites, dor e prazer, reações e sentimentos. Sua doutrina da catarse ensinava, por exemplo que os temores podem ser transferidos ao herói da tragédia - ideia que muita mais tarde veio formar uma das teses da psicanalise e da terapia do jogo.
Direito
No que diz respeito à justiça e injustiça devemos indagar com que espécie de ações se relacionam elas, que espécies de meio-termo é a justiça, e entre que extremos o ato justo é o meio-termo. Segundo a opinião geral, a justiça é aquela disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e a desejar o que é injusto. O desenvolvimento do tema da justiça na teoria de Aristóteles, discípulo de Platão, tem sede no campo ético, ou seja, no campo de um saber que vem definido em sua teoria como saber prático. É da reunião das opiniões dos sábios, dentro de uma visão de todo o problema que surgiu uma concepção propriamente aristotélica.
O mestre do Liceu tratou também a justiça entendendo-a como uma virtude, assemelhada a todas as demais tratadas no curso. A justiça, assim definida como virtude, torna-se o foco das atenções de um ramo do conhecimento humano que se dedica ao estudo próprio do comportamento humano; á ciência prática, intitulada ética, cumpre investigar e definir o que é o justo e o injusto, o que é ser temerário e o que é ser corajoso, o que é ser jactante, etc.
Somente a educação ética (ética significa hábito em grego), ou seja, a criação do hábito do comportamento ético, o que se faz com a prática à conduta diuturna do que é deliberado pela reta razão à esfera das ações humanas, pode construir um comportamento virtuoso, ou seja, um comportamento justo.
A justiça, em meio as demais virtudes, que se opõem a dois extremos, caracteriza-se por uma peculiaridade: trata-se de uma virtude à qual não se opõe dois vícios diferentes, mas um único vício, que é a injustiça. Dessa forma, o que é injusto ocupa dois polos diversos, ou seja, é ora injustiça por excesso, ora é injustiça por defeito. Desse modo, como o homem sem lei é injusto e o cumpridor da lei é justo, evidentemente todos os atos conforme à lei são atos justos em certo sentido, pois os atos prescritos pela arte do legislador são conforme a lei, e dizemos que cada um dele é justo.
Aristóteles desenvolveu uma visão de justiça muito eficiente que vários países do mundo elaboraram medidas de punições severas para pessoas que cometerem crimes graves na sociedade (tanto antiga quanto atual) baseada nos métodos de justiça criados por ele.
Os métodos de justiça são: Justiça Geral: É a observância da lei, o respeito à legislação ou as normas convencionais instituídas pela polis. Tem como objetivo o bem comum, a felicidade individual e coletiva . a Justiça Geral é também chamado de Justiça Legal. Ressalta-se a compreensão dos gregos que consideravam o justo legal não somente sob a forma do ordenamento jurídico positivo, mas principalmente as leis não escritas, universais e não derrogáveis do direito natural. Justiça Particular: Tem por objetivo realizar a igualdade entre o sujeito que age e o sujeito que sofre a ação. Divide-se em Justiça Distributiva e Justiça Correlativa. Justiça Distributiva: Consiste na distribuição ou repartição de bens e honrarias segundo os méritos de cada um. Justiça Correlativa: Visa à correlação das transações entre os indivíduos, que podem ocorrer de modos voluntários, a exemplo dos acordos e contratos, ou de modo involuntário, como os delitos em geral. Nesta forma de justiça surge a necessidade de intervenção de uma terceira pessoa, que deve decidir sobre as relações mútuas e o eventual descumprimento de acordos ou de cláusulas contratuais. O juiz, segundo Aristóteles, passa a personificar a noção do justo. A justiça correlativa é também denominada equitadora ou sintagmática. Subdivide-se em: Justiça Comutativa: Preside os contratos em geral: compra e venda, locação, empréstimo, etc. É essencialmente preventiva, já que a justiça prévia iguala as prestações recíprocas antes mesmo de uma eventual transação. Justiça Reparativa: Visa, reprimir a injustiça, a reparar ou indenizar o dono, estabelecendo, se for o caso, punições.
Ética
Alguns vêem Aristóteles como o fundador da Ética, o que se justifica desde que consideremos a Ética como uma disciplina específica e distinta no corpo das ciências. Em suas aulas, Aristóteles fez uma análise do agir humano que marcou decisivamente o modo de pensar ocidental. O filósofo ensinava que todo o conhecimento e todo o trabalho visa a algum bem. O bem é a finalidade de toda a ação. A busca do bem é o que difere a ação humana da de todos os outros animais.
Para Aristóteles, estudamos a ética, a fim de melhorar nossas vidas e, portanto, sua preocupação principal é a natureza do bem-estar humano. Aristóteles segue Sócrates e Platão ao dispor as virtudes no centro de uma vida bem vivida. Como Platão, ele considera as virtudes éticas (justiça, coragem, temperança etc), como habilidades complexas racionais, emocionais e sociais, mas rejeita a ideia de Platão de que a formação em ciências e metafísica é um pré-requisito necessário para um entendimento completo de bem. Segundo ele, o que precisamos, a fim de viver bem, é uma apreciação adequada da maneira em que os bens tais como a amizade, o prazer, a virtude, a honra e a riqueza se encaixam como um todo. Para aplicar esse entendimento geral para casos particulares, devemos adquirir, através de educação adequada e hábitos, a capacidade de ver, em cada ocasião, qual curso de ação é mais bem fundamentada. Portanto, a sabedoria prática, como ele a concebe, não pode ser adquirida apenas ao aprender regras gerais, também deve se adquirida, através da prática e essas habilidades deliberativas, emocionais e sociais é que nos permitem colocar nossa compreensão geral de bem-estar em prática em formas que são adequados para cada ocasião.
Retórica
É na obra Retórica de Aristóteles que se assentam os primeiros dados cuja articulação passa a definir a Retórica como a "faculdade de descobri especulativamente sobre todo dado o persuasivo".A retórica de Aristóteles teve uma enorme influência sobre o desenvolvimento da arte da retórica. Não apenas sobre os autores que escrevem na tradição peripatética, mas também os famosos professores romanas de retórica, como Cícero e Quintiliano, frequentemente usaram elementos decorrentes da doutrina aristotélica.
No proêmio do Livro I de sua Arte Retórica, ele se refere à possibilidade se ter uma técnica da retórica, de um método rigoroso não diferente do que seguem as ciências lógicas, políticas e naturais. É evidente a diferença entre as concepções de Aristóteles sobre a arte da oratória entre o Livro I e o Livro II, enquanto neste último destaca o estudo das paixões, desfazendo a caracterízação da retórica como puramente dialética, no Livro I Aristóteles valoriza a função da sedução da alma. A retórica deve ser portanto, demonstrativa e emocional.
Poética
Aristóteles foi o primeiro filósofo a consagrar todo um tratado, ainda que incompleto, ao exame do fenômeno poético, a Arte Poética. Ele propunha-se a refletir acerca do objeto estético, ou antes, acerca da criação do objeto estético.
Em Arte Poética, o filósofo trata da arte poética a partir de duas perspectivas, a definição da poética como imitação e a apresentação da estrutura da poesia de acordo com suas diferentes espécies. No primeiro caso, reduz a essência da poética à imitação - que cê ser congênita no homem. A sua importância contudo, deriva do fato de que a mimese é capaz de fornecer, ao ser humano , dois elementos essenciais: prazer e conhecimento.
Aristóteles era um apurado colecionador sistemático de enigmas, folclores e provérbios, ele e sua escola tinham um interesse especial nos enigmas da Pítia e estudaram também as fábulas de Esopo.
Política
A política aristotélica é essencialmente unida à moral, porque o fim último do estado é a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso. O estado é um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, contudo, é distinta da moral, porquanto esta tem como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. Desta ciência trata Aristóteles precisamente na Política, de que acima se falou.
Em Ética a Nicômaco Aristóteles descreve o assunto como ciência política, que ele caracteriza como a ciência mais confiável. Ela prescreve quais as ciências são estudadas na cidade-estado, e os outros - como a ciência militar, gestão doméstica e retórica - caem sob a sua autoridade. Desde que rege as outras ciências práticas, suas extremidades servem como meios para o seu fim, que é nada mais nada menos do que o bem humano.59
- A escravidão
Aristóteles não nega a natureza humana ao escravo , para ele a escravidão faz parte da própria natureza, de modo que o escravo nasce para ser escravo e é na sua função de escravo que ele realiza finalidade para a qual existe. Ele não sacrifica nada, pois sua natureza não exige mais do que compete na sociedade. Ele discorda da opiniã daqueles que pretendem que o poder do patrão é contra a natureza, para ele, a natureza em vista da conservação, criou alguns seres para mandar e outros para obedecer, é ela que dispõe que o ser dotado de previdência mande como patrão, e que o ser, capaz por faculdades corporais execute ordens.
Platão
Vida
Platão nasceu
em Atenas , provavelmente em 427/428 a.C. , no sétimo dia do
mês Thargêliốn , cerca de um ano após a morte doestadista Péricles , e
morreu em 348 a.C. (no primeiro ano da 108 Olimpíada ).
A mãe de
Platão era Perictione, cuja família se gabava de um relacionamento com o famoso
ateniense legislador e poeta lírico Sólon. Perictione
era irmã de Cármides e sobrinha de Crítias, ambas as
figuras proeminentes na época da Tirania
dos Trinta, a breve oligarquia, que se
seguiu sobre o colapso de Atenas no final da Guerra
do Peloponeso (404–403 BC). Além do próprio Platão,
Aristão e Perictione tiveram outros três filhos, estes foram Adimanto e
Glaucão, e uma filha Potone, a mãe de Espeusipo (então
o sobrinho e sucessor de Platão como chefe de suaAcademia
filosófica). De acordo com A República,
Adimanto e Glaucão eram mais velhos que Platão. No entanto, nas suas Memorabilia,Xenofonte apresenta
Glaucão como sendo mais jovem do que Platão.
A data
tradicional do nascimento de Platão (428/427) é baseada em uma interpretação
dúbia de Diógenes Laércio que diz "Quando Sócrates foi embora, Platão se
juntou a Crátilo e Hermógenes, que filosofou a maneira de Parmênides. Então,
aos vinte e oito anos, Hermodoro diz, Platão foi para Euclides em
Megara." .Em sua Sétima Carta, Platão observa que a sua idade
coincidiu com a tomada do poder pelos Trinta Tiranos, comentando: "Mas um
jovem com idade inferior a vinte seria motivo de chacota se tentasse entrar na
arena política". Assim, a data de nascimento de Platão seria
424/423 . Ariston parece ter morrido na infância de Platão, embora a data
exata de sua morte é desconhecida , Perictione então casou-se com
Perilampes, irmão de sua mãe que tinha servido muitas vezes como
embaixador para o corte
persa e era um amigo de Péricles, líder da
facção democrática em Atenas.
Em contraste
com a sua reticência sobre si mesmo, Platão muitas vezes introduziu seus
ilustres parentes em seus diálogos, ou a eles referenciou com alguma precisão:
Cármides tem um diálogo com o seu nome; Crítias fala tanto em Cármides quanto
em Protágoras e
Adimanto e Glaucão têm trechos importantes em A República Estas
e outras referências sugerem uma quantidade considerável de orgulho da família
e nos permitem reconstruir Platão árvore
genealógica. De acordo com Burnet, "a cena de abertura do
Cármides é uma glorificação de toda [família] ligação... osdiálogos de
Platão não são apenas um memorial para Sócrates, mas também dos dias mais
felizes de sua própria família.".
Nome
Platão e Sócrates em uma
representação medieval
De acordo
com Diógenes
Laércio, o filósofo foi nomeado Aristocles como seu
avô, mas seu treinador de luta,
Aristão de Argos, o apelidou dePlaton, que significa "grande",
por conta de sua figura robusta. De acordo com as fontes mencionadas por
Diógenes (todos datam do período
alexandrino), Platão derivou seu nome a partir da
"amplitude" (platytês) de sua eloquencia, ou então, porque
possuía a fronte (platýs) larga. Estudiosos recentes têm
argumentado que a lenda sobre seu nome ser Aristocles originou-se
no período helenístico. Platão era
um nome comum, dos quais 31 casos são conhecidos apenas em Atenas.
Educação
Apuleio nos
informa que Espeusipo elogiou a rapidez mental e a modéstia de Platão como os
"primeiros frutos de sua juventude infundidos com muito trabalho e amor ao
estudo". Platão deve ter sido instruído em gramática, música
e ginástica pelos
professores mais ilustres do seu tempo. Dicearco foi mais longe a ponto de dizer que
Platão lutou nos jogos de Jogos Ístmicos. Platão
também tinha frequentado cursos de filosofia, antes de conhecer Sócrates,
primeiro ele se familiarizou com Crátilo (um
discípulo de Heráclito,
um proeminente filósofo grego pré-socrático)
e as doutrinas de Heráclito.
Platão
e Sócrates
Platão não
aparece sempre em seus diálogos, na maioria deles a parte principal é
apresentada por Sócrates, seu mestre mas a relação precisa entre Platão e
Sócrates continua a ser uma área de disputa entre os estudiosos. Platão deixa
claro em sua Apologia
de Sócrates, que era um jovem dedicado e seguidor de Sócrates.
Nesse diálogo, Sócrates é mencionado por Platão como um daqueles jovens perto o
suficiente para ter sido corrompido por ele, se ele fosse de fato culpado de
corromper a juventude e pede a seus pais e irmãos para não testemunhar contra
ele se ele era de fato culpado de tal crime (33d-34a). Mais tarde, Platão é
mencionado junto a Crito, Critobolus e Apolodoro como oferecendo-se para pagar
uma multa de 30 minas em nome de Sócrates, em vez da pena de morte proposto por
Meletus (38b). No Fédon,
o personagem-título enumera aqueles que estavam presentes na prisão no último
dia de Sócrates, explicando a ausência de Platão, dizendo: "Platão estava
doente."
Filosofia
Platão
frequentemente discute a relação pai-filho e a questão de saber se o interesse
do pai em seus filhos tem muito a ver com o quão bom seus filhos serão. Um
menino na antiga Atenas era socialmente localizado por sua identidade familiar
e Platão, muitas vezes refere-se a seus personagens em termos de suas relações
parentais e fraternas. Sócrates não era um homem de família e viu-se como o
filho de sua mãe, que era aparentemente uma parteira. Um fatalista divino,
Sócrates zomba dos homens que pagaram valores exorbitantes sobre tutores para
os seus filhos e repetidamente empreendeu a idéia de que o bom caráter é um
presente dos deuses. Crito lembra Sócrates que os órfãos estão à mercê do
acaso, mas Sócrates não está preocupado. No Teeteto, ele recruta
um jovem discípulo cuja herança foi desperdiçada. Sócrates duplamente compara a
relação do homem mais velho e o menino com a relação pai e filho (Lise 213a,
República 3.403b).
Platão
acreditava que para uma pessoa inteligente o objetivo final da vida deve ser o
romper com a superficialidade das coisas e penetrar no nível da realidade
subjacente. Para isso o indivíduo precisa enxergar através das coisas efêmeras
e decadentes que constituem o mundo dos sentidos, para libertar-se de seus
atrativos e seduções. É esse ponto de vista que leva Platão ser hostil às
artes, ele as vê como representacionais e donas de um apelo poderoso - e claro,
quanto mais bela, maior o apelo. As obras de arte ao seu ver são duplamente
decepcionantes por serem semelhanças ilusórias que dão encanto às coisas
efêmeras do mundo estimulando nosso apego emocional a elas, isso nos desvia da
nossa vocação que é elevar-se até uma realidade atemporal e
não-sensorial .
Em vários
diálogos, Sócrates elucida que o Conhecimento é uma reminiscência, não do
aprendizado, observação ou estudo, ironicamente reclamando sobre seu esquecimento;
Sócrates afirma que o conhecimento não é empírico e que
vem de um insight divino.
A Arte, a política, o crime e o castigo, a religião, a natureza humana e outros
temas são regurlamente elucidados . Pensamento platônico
Em linhas
gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente
com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a
realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos
afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da
realidade inteligível.
Tal concepção
de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria
das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui
uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma
inteligibilidade relativa aos fenômenos. Para Platão, uma determinada caneta,
por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra
caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a
outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de
Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia
de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da
Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são
coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
O problema que
Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o
primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a
estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é
que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não
pode passar a ser; assim, não há mudança. Por exemplo, o que faz com que
determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o
que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com
características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação
a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra.
Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para
Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .
Platão resolve
esse problema com sua Teoria das Ideias. O que há de permanente em um objeto é
a Ideia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Ideia
correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma
incompleta representação da Ideia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz
com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de
sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras
espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Ideia
de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da
Ideia de Árvore.
Platão também
elaborou uma teoria gnosiológica,
ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma
teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma
pessoa se lembra, aos poucos, da Ideia daquele objeto que viu no mundo das
Ideias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a
qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em
uma estrela, onde se localizam as Ideias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é
"jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que
esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes
formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Ideia
daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão,
chama-se anamnesis.
A
reminiscência
Uma das
condições para a indagação ou investigação acerca das Ideias é que não estamos
em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o
desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária,
para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de
conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Ideias (contato esse ocorrido
antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Ideias ao vê-las
reproduzidas palidamente nas coisas.
Deste modo,
toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Ideias
supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as
Ideias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada, localizado no
diálogo Fedro,
de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o
que fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado,
tira força das nossas asas. Ao longo do tempo fizemos tantas coisas erradas que
nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no
Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados
a vermos apenas as sombras do Mundo das Ideias.
Amor
No Simpósio (também
conhecido como O
Banquete), de Platão, Sócrates revela que foi a
sacerdotisa Diotima
de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do
amor. As ideias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do
amor.
Conhecimento
Platão não
buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus
seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das
coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois
estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o
filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras
causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade
essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo,
a verdade deve ser buscada em algo superior.
Como seu
mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As
coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas
realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta
busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do
próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das
verdades essenciais do ser.
O conhecimento
era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não
enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a
essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em Platão, também a
técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita
participa do mundo perfeito das ideias, porém este formalismo só é reconhecível
na experiência sensível. Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar
o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um
reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra
e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as
verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.
Quanto ao
mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião)
e téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo
que, no mundo das ideias, o homem pode ter aépisthéme, o conhecimento
verdadeiro, o conhecimento filosófico,.
Platão não
defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos
terem a alma perfeita, nem todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das
ideias.
Política
"Os males
não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos
chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça,
ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima,
326b).
Esta afirmação
de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando
que o conhecimento para Platão tem fins morais.
Todo o
projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a
Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de
uma rigorosa formação filosófica.
Platão
acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da
pólis:A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça
do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.A segunda
espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto
é, os soldados ou guardiões da pólis, pois sua alma
de prata é imbuída de vontade.
E, por fim,A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o
baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se
pelo desejo das coisas
sensíveis.
O
homem e a alma
O homem para
Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o
imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante
mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a
alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na
alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada
no corpo.
Para Platão a
alma é divida em três partes:1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as
outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis).2
Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a
coragem (andreía).3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo
carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança (sophrosýne).
Platão
acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma
que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte
do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em
companhia dos deuses.
Por meio da relação de
sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Ideias e aspira
ao conhecimento e às ideias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do
mundo das Ideias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma
criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Ideias
por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo
das Ideias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode
ser mais perfeito.
Vida
Platão nasceu
em Atenas , provavelmente em 427/428 a.C. , no sétimo dia do
mês Thargêliốn , cerca de um ano após a morte doestadista Péricles , e
morreu em 348 a.C. (no primeiro ano da 108 Olimpíada ).
A mãe de
Platão era Perictione, cuja família se gabava de um relacionamento com o famoso
ateniense legislador e poeta lírico Sólon. Perictione
era irmã de Cármides e sobrinha de Crítias, ambas as
figuras proeminentes na época da Tirania
dos Trinta, a breve oligarquia, que se
seguiu sobre o colapso de Atenas no final da Guerra
do Peloponeso (404–403 BC). Além do próprio Platão,
Aristão e Perictione tiveram outros três filhos, estes foram Adimanto e
Glaucão, e uma filha Potone, a mãe de Espeusipo (então
o sobrinho e sucessor de Platão como chefe de suaAcademia
filosófica). De acordo com A República,
Adimanto e Glaucão eram mais velhos que Platão. No entanto, nas suas Memorabilia,Xenofonte apresenta
Glaucão como sendo mais jovem do que Platão.
A data
tradicional do nascimento de Platão (428/427) é baseada em uma interpretação
dúbia de Diógenes Laércio que diz "Quando Sócrates foi embora, Platão se
juntou a Crátilo e Hermógenes, que filosofou a maneira de Parmênides. Então,
aos vinte e oito anos, Hermodoro diz, Platão foi para Euclides em
Megara." .Em sua Sétima Carta, Platão observa que a sua idade
coincidiu com a tomada do poder pelos Trinta Tiranos, comentando: "Mas um
jovem com idade inferior a vinte seria motivo de chacota se tentasse entrar na
arena política". Assim, a data de nascimento de Platão seria
424/423 . Ariston parece ter morrido na infância de Platão, embora a data
exata de sua morte é desconhecida , Perictione então casou-se com
Perilampes, irmão de sua mãe que tinha servido muitas vezes como
embaixador para o corte
persa e era um amigo de Péricles, líder da
facção democrática em Atenas.
Em contraste
com a sua reticência sobre si mesmo, Platão muitas vezes introduziu seus
ilustres parentes em seus diálogos, ou a eles referenciou com alguma precisão:
Cármides tem um diálogo com o seu nome; Crítias fala tanto em Cármides quanto
em Protágoras e
Adimanto e Glaucão têm trechos importantes em A República Estas
e outras referências sugerem uma quantidade considerável de orgulho da família
e nos permitem reconstruir Platão árvore
genealógica. De acordo com Burnet, "a cena de abertura do
Cármides é uma glorificação de toda [família] ligação... osdiálogos de
Platão não são apenas um memorial para Sócrates, mas também dos dias mais
felizes de sua própria família.".
Nome
Platão e Sócrates em uma
representação medieval
De acordo
com Diógenes
Laércio, o filósofo foi nomeado Aristocles como seu
avô, mas seu treinador de luta,
Aristão de Argos, o apelidou dePlaton, que significa "grande",
por conta de sua figura robusta. De acordo com as fontes mencionadas por
Diógenes (todos datam do período
alexandrino), Platão derivou seu nome a partir da
"amplitude" (platytês) de sua eloquencia, ou então, porque
possuía a fronte (platýs) larga. Estudiosos recentes têm
argumentado que a lenda sobre seu nome ser Aristocles originou-se
no período helenístico. Platão era
um nome comum, dos quais 31 casos são conhecidos apenas em Atenas.
Educação
Apuleio nos
informa que Espeusipo elogiou a rapidez mental e a modéstia de Platão como os
"primeiros frutos de sua juventude infundidos com muito trabalho e amor ao
estudo". Platão deve ter sido instruído em gramática, música
e ginástica pelos
professores mais ilustres do seu tempo. Dicearco foi mais longe a ponto de dizer que
Platão lutou nos jogos de Jogos Ístmicos. Platão
também tinha frequentado cursos de filosofia, antes de conhecer Sócrates,
primeiro ele se familiarizou com Crátilo (um
discípulo de Heráclito,
um proeminente filósofo grego pré-socrático)
e as doutrinas de Heráclito.
Platão
e Sócrates
Platão não
aparece sempre em seus diálogos, na maioria deles a parte principal é
apresentada por Sócrates, seu mestre mas a relação precisa entre Platão e
Sócrates continua a ser uma área de disputa entre os estudiosos. Platão deixa
claro em sua Apologia
de Sócrates, que era um jovem dedicado e seguidor de Sócrates.
Nesse diálogo, Sócrates é mencionado por Platão como um daqueles jovens perto o
suficiente para ter sido corrompido por ele, se ele fosse de fato culpado de
corromper a juventude e pede a seus pais e irmãos para não testemunhar contra
ele se ele era de fato culpado de tal crime (33d-34a). Mais tarde, Platão é
mencionado junto a Crito, Critobolus e Apolodoro como oferecendo-se para pagar
uma multa de 30 minas em nome de Sócrates, em vez da pena de morte proposto por
Meletus (38b). No Fédon,
o personagem-título enumera aqueles que estavam presentes na prisão no último
dia de Sócrates, explicando a ausência de Platão, dizendo: "Platão estava
doente."
Filosofia
Platão
frequentemente discute a relação pai-filho e a questão de saber se o interesse
do pai em seus filhos tem muito a ver com o quão bom seus filhos serão. Um
menino na antiga Atenas era socialmente localizado por sua identidade familiar
e Platão, muitas vezes refere-se a seus personagens em termos de suas relações
parentais e fraternas. Sócrates não era um homem de família e viu-se como o
filho de sua mãe, que era aparentemente uma parteira. Um fatalista divino,
Sócrates zomba dos homens que pagaram valores exorbitantes sobre tutores para
os seus filhos e repetidamente empreendeu a idéia de que o bom caráter é um
presente dos deuses. Crito lembra Sócrates que os órfãos estão à mercê do
acaso, mas Sócrates não está preocupado. No Teeteto, ele recruta
um jovem discípulo cuja herança foi desperdiçada. Sócrates duplamente compara a
relação do homem mais velho e o menino com a relação pai e filho (Lise 213a,
República 3.403b).
Platão
acreditava que para uma pessoa inteligente o objetivo final da vida deve ser o
romper com a superficialidade das coisas e penetrar no nível da realidade
subjacente. Para isso o indivíduo precisa enxergar através das coisas efêmeras
e decadentes que constituem o mundo dos sentidos, para libertar-se de seus
atrativos e seduções. É esse ponto de vista que leva Platão ser hostil às
artes, ele as vê como representacionais e donas de um apelo poderoso - e claro,
quanto mais bela, maior o apelo. As obras de arte ao seu ver são duplamente
decepcionantes por serem semelhanças ilusórias que dão encanto às coisas
efêmeras do mundo estimulando nosso apego emocional a elas, isso nos desvia da
nossa vocação que é elevar-se até uma realidade atemporal e
não-sensorial .
Em vários
diálogos, Sócrates elucida que o Conhecimento é uma reminiscência, não do
aprendizado, observação ou estudo, ironicamente reclamando sobre seu esquecimento;
Sócrates afirma que o conhecimento não é empírico e que
vem de um insight divino.
A Arte, a política, o crime e o castigo, a religião, a natureza humana e outros
temas são regurlamente elucidados . Pensamento platônico
Em linhas
gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente
com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a
realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos
afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da
realidade inteligível.
Tal concepção
de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria
das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui
uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma
inteligibilidade relativa aos fenômenos. Para Platão, uma determinada caneta,
por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra
caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a
outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de
Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia
de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da
Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são
coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
O problema que
Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o
primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a
estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é
que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não
pode passar a ser; assim, não há mudança. Por exemplo, o que faz com que
determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o
que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com
características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação
a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra.
Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para
Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .
Platão resolve
esse problema com sua Teoria das Ideias. O que há de permanente em um objeto é
a Ideia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Ideia
correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma
incompleta representação da Ideia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz
com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de
sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras
espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Ideia
de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da
Ideia de Árvore.
Platão também
elaborou uma teoria gnosiológica,
ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma
teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma
pessoa se lembra, aos poucos, da Ideia daquele objeto que viu no mundo das
Ideias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a
qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em
uma estrela, onde se localizam as Ideias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é
"jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que
esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes
formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Ideia
daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão,
chama-se anamnesis.
A
reminiscência
Uma das
condições para a indagação ou investigação acerca das Ideias é que não estamos
em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o
desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária,
para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de
conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Ideias (contato esse ocorrido
antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Ideias ao vê-las
reproduzidas palidamente nas coisas.
Deste modo,
toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Ideias
supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as
Ideias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada, localizado no
diálogo Fedro,
de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o
que fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado,
tira força das nossas asas. Ao longo do tempo fizemos tantas coisas erradas que
nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no
Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados
a vermos apenas as sombras do Mundo das Ideias.
Amor
No Simpósio (também
conhecido como O
Banquete), de Platão, Sócrates revela que foi a
sacerdotisa Diotima
de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do
amor. As ideias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do
amor.
Conhecimento
Platão não
buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus
seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das
coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois
estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o
filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras
causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade
essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo,
a verdade deve ser buscada em algo superior.
Como seu
mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As
coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas
realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta
busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do
próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das
verdades essenciais do ser.
O conhecimento
era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não
enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a
essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em Platão, também a
técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita
participa do mundo perfeito das ideias, porém este formalismo só é reconhecível
na experiência sensível. Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar
o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um
reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra
e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as
verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.
Quanto ao
mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião)
e téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo
que, no mundo das ideias, o homem pode ter aépisthéme, o conhecimento
verdadeiro, o conhecimento filosófico,.
Platão não
defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos
terem a alma perfeita, nem todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das
ideias.
Política
"Os males
não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos
chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça,
ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima,
326b).
Esta afirmação
de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando
que o conhecimento para Platão tem fins morais.
Todo o
projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a
Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de
uma rigorosa formação filosófica.
Platão
acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da
pólis:A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça
do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.A segunda
espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto
é, os soldados ou guardiões da pólis, pois sua alma
de prata é imbuída de vontade.
E, por fim,A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o
baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se
pelo desejo das coisas
sensíveis.
O
homem e a alma
O homem para
Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o
imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante
mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a
alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na
alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada
no corpo.
Para Platão a
alma é divida em três partes:1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as
outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis).2
Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a
coragem (andreía).3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo
carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança (sophrosýne).
Platão
acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma
que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte
do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em
companhia dos deuses.
Por meio da relação de
sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Ideias e aspira
ao conhecimento e às ideias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do
mundo das Ideias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma
criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Ideias
por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo
das Ideias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode
ser mais perfeito.
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