E foi a liberdade que espalhou pelas
nações as doutrinas mais contraditórias, as afirmativas mais absurdas, os
brados mais lancinantes de angustia do pensamento e do coração.
“É fácil a tarefa de comandar homens
livres, basta indicar-lhes o caminho do dever” – General Osório
Todos os sofrimentos do mundo moderno se
originam de um só defeito da grande máquina: “A falta de disciplina”. O
conceito da liberdade excessiva, o predomínio do individualismo mais
desenfreado determinou o desequilíbrio social que perturba o ritmo da vida do
nosso século.
Desde a Revolução Francesa, outro não
tem sido o grito da humanidade senão aquele que atroou todos os recantos do
mundo e do século:
-
Liberdade! Liberdade!
E foi a liberdade que espalhou pelas
nações as doutrinas mais contraditórias, as afirmativas mais absurdas, os
brados mais lancinantes de angustia do pensamento e do coração.
Liberdade! Clamava o homem e, clamando,
tratava de conquistar os meios com que pudesse exercer, com forte base
econômica, a sua faculdade de ser livre.
Foi assim que se formaram os primeiros
capitais da avareza.
Liberdade! Clamava os banqueiros, e foi
assim clamando que dominaram as Nações, escravizaram as indústrias e o
comércio, humilharam os produtores.
Liberdade! Clamavam as indústrias e
comerciantes e, entregues às leis da concorrência, livraram-se da disciplina do
Estado, mas caíram no cativeiro dos agiotas.
Liberdade! Clamavam os patrões e, em
nome da liberdade de contrato, passaram a explorar os pobres, e o trabalho
humano transformou-se em mercadoria sujeito às leis da oferta e da procura.
Liberdade! Clamaram, por sua vez, os
proletários, os quais, assistindo ao espetáculo de luxo e paganismo de seus
chefes, endureceram o coração e lançaram-se nas tremendas lutas de classe,
feitas de ódio e de revolta.
Liberdade! Clamavam os pais, os
esposos, os filhos, e ruiu a estrutura dos velhos lares felizes e tranqüilos.
Liberdade! Clamava a imprensa, e na
livre concorrência comercializou-se, ao gosto depravado das turbas, que
precisou agradar, e dos argentários, aos quais precisou vender-se.
E, em nome da liberdade, o gênero
humano caminha para a ruína total, destruindo o ritmo de sua existência com a
morte da disciplina.
A indisciplina destrona a modéstia e
erige em ídolo a vaidade e o orgulho; transforma o amor em puro instinto
sexual; reduz a amizade a uma questão de oportunidade; considera a honra como
um ponto de vista; examina os costumes como relatividade de convenientes;
semeia o ódio sobre a terra; cria uma civilização de rebeldes.
Já o homem não sabe defender-se dos
vícios. Libertando-se da disciplina do espírito, cai na escravidão dos
instintos. O homem, agora, é livre. Livre de todos os preconceitos. Não tem
sentimento nem religioso nem cívico. A Pátria, que é a Pátria, depois que lhe
deram a significação meramente política de vontade geral? A Pátria é uma convenção.
Assim a julgar a mentalidade
capitalista, assim também a imagina a classe operária.
É que a Pátria, ela mesma, é uma
expressão de disciplina.
E, tendo desaparecido a disciplina,
desaparece a Pátria. Dessa forma a humanidade marcha até a guerra.
Liberdade! Liberdade! Nunca o gênero
humano foi mais infeliz! Nunca foi tão prisioneiro…. nem mais escravo.
E a Liberdade é o supremo dom do Homem.
É a dignidade da nossa Espécie. É a alegria dos nossos movimentos. É nossa
honra e nossa gloria, nossa aspiração superior.
Quem a degradou assim? Quem a tornou
uma enfermidade e um opróbio?
O Liberalismo.
Como salvaremos a Liberdade?
Pela disciplina.
“O pensamento
revolucionário de Plínio Salgado”, Editora “Voz do Oeste, página 73 – texto
recebido do Núcleo Integralista de Recife.