O Serviço Geológico do Brasil (CPRM), ao anunciar a
recente descoberta de rochas graníticas no meio do oceano Atlântico, entre a
África do Sul e Brasil, levanta a hipótese de haver encontrado o mítico
continente perdido de Atlântida. Segundo
os cientistas, trata-se de uma lasca de continente que se perdeu quando América
e África se separaram, há cerca de 200 milhões de anos.
Roberto Ventura Santos, diretor de geologia de
recursos minerais do (CPRM), relatou que o material coletado em 2012 foi
localizado a cerca de 1500 km da costa do Rio de Janeiro e a 2500 metros de
profundidade, em uma região conhecida como Alto do Rio Grande. Trabalhos de
dragagem do fundo do mar trouxeram à tona uma rocha “inusitada”, como define
Ventura.
– Inusitada porque é uma rocha granítica. E não se
encontra granito no fundo do mar. O normal é achar no continente. Para se ter
uma ideia, os arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo
são de origem vulcânica – conta.
Ventura relatou que os pesquisadores imaginaram, de
pronto, tratar-se de um crosta continental.
– Mas também poderia ser um lastro de navio. Era
tudo tão inusitado que poderia ser qualquer coisa – disse.
A ideia de que pode mesmo ser um um pedaço de
continente foi reforçada com a expedição do navio japonês Yokosuda, dentro do
projeto Busca pelos Limites da Vida, uma iniciativa da Agência Japonesa de
Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec), que tem a cooperação
científica de pesquisadores de universidades brasileiras e do CPRM.
Na viagem realizada em abril, entre a África do Sul
e o Rio de Janeiro, onde o navio aportou no final de semana, foi feita uma
observação de um “morrete” bem onde o CPRM fez a dragagem da rocha misteriosa.
A bordo de um minissubmarino – o Shinkai 6500 –, que desceu à profundeza de
2500 a 3000 metros – os pesquisadores visualizaram um monte com “rochas com
feições semelhantes a rochas graníticas”, conta Ventura. Eles não fizeram,
porém, nenhuma coleta e ainda não se tem certeza se a rocha dragada
anteriormente tenha vindo exatamente desse morrete.
Par
a ampliar as pesquisas, Ventura explica
que o próximo passo será fazer perfurações no local, para colher novas amostras
para análises.
– Falamos em Atlântida mais pelo simbolismo. Obviamente não
esperamos encontrar nenhuma cidade perdida no meio do
Atlântico. Mas se for verdade que encontramos um continente no meio do oceano,
será uma descoberta muito grande, que pode ter várias implicações, em relação à
extensão da plataforma continental – concluiu.